Entrevistado na SIC dia 11 mas só estou a ver agora.
Coisas ouvidas:
AB Caminhada alucinada para o abismo nos últimos 2 ou 3 anos.
AB Parece que a Chanceler alemã disse ao Sócrates que não queria levar ao parlamento alemão um terceiro pedido de resgate e isso levou a que este recusasse a ajuda externa.
O entrevistador sai-se com aquela de que "não será o país todo culpado?"
AB Não gosto da ideia de que "todos somos culpados" pois nem todos têm a mesma formação e informação.
O entrevistador pergunta se estas crises de insustentabilidade cíclicas não estarão nos nossos genes.
AB Os portugueses comportam-se como se não tivessem filhos (citando alguém).
(António Barreto usa uma linguagem em que às vezes parece pedir desculpa para dizer a verdade ( no estado novo as finanças públicas eram um pouco mais equilibradas).
AB A má reputação de Portugal afecta a reputação dos portugueses que trabalham no estrangeiro. Olham para e pensam quem são estes aproveitadores?
(Parece passar a ideia que andámos historicamente pela India, pela Ásia, pela América não fazendo mais que chico-espertismo ( e agora achamos que a europa é mais um desses continentes). Julgo que António Barreto se exprimiu mal).
AB Detesto que as pessoas digam que os políticos são maus porque o povo é mau e é assim mesmo. Os dirigentes têm de ser melhor que quem dirigem.
AB "Não me importo de demonizar quem é demónio".
AB É importante sabermos por que mecanismos chegamos onde chegamos. Não basta a derrota eleitoral.
AB Errei em relação ao Banco de Portugal. Tem feito um bom trabalho, exemplar no último mês, sendo o mais honesto dos interlocutores dos negociadores estrangeiros.
AB O INE vai ser vital no meio disto tudo. Muitas coisas serão decididas por decimais.
AB O que foi feito para coordenar as centenas de medidas que têm de ser tomadas dado o memorando, até entre os três signatários.
Tivemos eleições pelo meio o que pode ter dificultado as coisas, diz o espírito que entrevista.
AB Não. O que é que isso impediu?
AB É um erro não associar o Partido Socialista às equipas que vão implementar o memorando.
AB Nem Assis nem Seguro disseram ainda até que ponto se comprometem especificamente com a implementação do memorando. Devem fazê-lo na campanha.
AB Tanto quanto sei o problema de Sócrates não é judicial. Não quero que se crie uma comissão de apuramento da verdade.
AB A justiça nunca se irá reformar por dentro. Até porque terá de haver uma revisão da constituição.
AB Os juízes acham que a independência de julgamento depende da autogestão judicial e venceram em passar essa ideia.
Diz o espírito que entrevista: se os casos judiciais são todos diferentes como se pode falar em produtividade?
AB Claro que pode.
AB O juiz não manda no tribunal e devia mandar.
AB Cada geração tem o direito de rever a constituição. Eu preferia uma constituição nova ou renovada.
AB Houve duas revisões importantes: a primeira retirou a revolução da constituição e a segunda introduziu civilismo na economia. A revisão podia ser feita durante dois ou três anos e não dois ou três meses.
AB Nós vivemos num sistema partidocrático puro.
AB A nossa constituição foi feita a medo. Medo do Sidónio Pais, medo do Salazar, medo do Dom Carlos, medo do Eanes, medo do Otelo, medo dos militares.
AB Eu vou contar quantos ministros são bons, politicamente competentes e honestos.
AB Espero que não venham agora dizer "ai que a situação é pior e nós não sabíamos".
AB O dever de informar a população é tão importante como a escolha dos ministros.
AB A minha maneira de contribuir não é voltar à política activa.
Uma entrevista diferente das habituais, ou seja, uma entrevista não diz apenas o que todos já sabemos ou o todos esperam que ele diga.